domingo, 8 de novembro de 2009


FLOR DE LOTUS

Homem Vitruviano - é um desenho famoso que acompanhava as notas que Leonardo da Vinci fez ao redor do ano 1490 num dos seus diários. Descreve uma figura masculina desnuda separadamente e simultaneamente em duas posições sobrepostas com os braços inscritos num círculo e num quadrado. A cabeça é calculada como sendo um oitavo da altura total. Às vezes, o desenho e o texto são chamados de Cânone das Proporções.
O desenho actualmente faz parte da colecção/coleção da Gallerie dell'Accademia (Galeria da Academia) em Veneza, Itália.
Examinando o desenho, pode ser notado que a combinação das posições dos braços e pernas formam quatro posturas diferentes. As posições com os braços em cruz e os pés são inscritas juntas no quadrado. Por outro lado, a posição superior dos braços e das pernas é inscrita no círculo. Isto ilustra o princípio que na mudança entre as duas posições, o centro aparente da figura parece se mover, mas de fato o umbigo da figura, que é o verdadeiro centro de gravidade, permanece imóvel.
O Homem Vitruviano é baseado numa famosa passagem do arquitecto/arquiteto romano Marcus Vitruvius Pollio na sua série de dez livros intitulados de De Architectura, um tratado de arquitetura em que, no terceiro livro, ele descreve as proporções do corpo humano:
• Um palmo é a largura de quatro dedos;
• Um pé é a largura de quatro palmos;
• Um antebraço ou cúbito é a largura de seis palmos;
• A altura de um homem é quatro antebraços (24 palmos);
• Um passo é quatro antebraços;
• A longitude dos braços estendidos de um homem é igual à altura dele;
• A distância entre o nascimento do cabelo e o queixo é um décimo da altura de um homem;
• A distância do topo da cabeça para o fundo do queixo é um oitavo da altura de um homem;
• A distância do nascimento do cabelo para o topo do peito é um sétimo da altura de um homem;
• A distância do topo da cabeça para os mamilos é um quarto da altura de um homem;
• A largura máxima dos ombros é um quarto da altura de um homem;
• A distância do cotovelo para o fim da mão é um quarto da altura de um homem;
• A distância do cotovelo para a axila é um oitavo da altura de um homem;
• O comprimento da mão é um décimo da altura de um homem;
• A distância do fundo do queixo para o nariz é um terço da longitude da face;
• A distância do nascimento do cabelo para as sobrancelhas é um terço da longitude da face;
• A altura da orelha é um terço da longitude da face.
Vitrúvio já havia tentado encaixar as proporções do corpo humano dentro da figura de um quadrado e um círculo, mas suas tentativas ficaram imperfeitas. Foi apenas com Leonardo que o encaixe saiu corretamente perfeito dentro dos padrões matemáticos esperados.
O redescobrimento das proporções matemáticas do corpo humano no século XV por Leonardo e os outros é considerado uma das grandes realizações que conduzem ao Renascimento italiano.
O desenho também é considerado frequentemente como um símbolo da simetria básica do corpo humano e, para extensão, para o universo como um todo. É interessante observar que a área total do círculo é idêntica 'a área total do quadrado e este desenho pode ser considerado um algoritmo matemático para calcular o valor do número irracional phi (=1,618).





Trabalho de pintura artística em parede. Tinta acrílica em desenhos de arabescos e borboletas. Foi meu primeiro trabalho em parede. Esses desenhos estão na loja Essência da natureza, de produto naturais. Dá uma passadinha lá e confere o astral do espaço... ficou ótimo borboletas, arabescos e um cheiro delicioso de vida saudável. Fica na Av. José Reuter, em frente a loja de aviamentos Madri alí no centrinho da Velha...A Josi vai estar lá pra te atender...Ela é ótima com essas coisas...
Então beleza!
Até a próxima ousadia em arte!
Simone Miranda


Esse foi o primeiro trabalho artístico em parede. São arabescos e borboletas desenhados nas paredes de uma loja de produtos naturais de uma amiga. O resultado foi esse...Ao entrar na loja a gente olha as paredes e ao mesmo tempo sente um cheiro delicioso de "coisas saudáveis" à mão... Aproveitem e confiram a loja! Fica no centrinho do bairro Velha aqui em Blu...Na Av. José Reuter de frente para a madri aviamentos(loja de outa amiga). Vai lá tá?

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

A CARTA DA TERRA
Um passo adiante

Moacir Gadotti
Diretor do Instituto Paulo Freire
Professor titular da Universidade de São Paulo


A imaginação é mais importante do que o conhecimento.

Einstein



No final de abril de 2007 o Conselho Internacional da Carta da Terra reuniu-se na Amana-Key, em São Paulo. Um seminário de três dias precedeu e preparou a reunião. Venho acompanhando o processo da Carta da Terra desde 1992 e creio que essa reunião foi uma das mais importantes pelas possibilidades de expansão da Iniciativa da Carta da Terra que ela propiciou. É sobre esse encontro que gostaria de tecer algumas considerações com a intenção de sistematizar suas principais contribuições e ajudar o processo da Carta da Terra a dar mais um passo em direção à “vida sustentável”, seu maior objetivo.
Uma das propostas discutidas no encontro é que a Carta da Terra trabalhe como uma organização “caórdica”, isto é, que aceite ao mesmo tempo o caos (liberdade criativa, espaço para inovar, espaço para a diversidade de idéias) e a ordem (aquele mínimo de diretrizes a ser seguido por todos os envolvidos que faz com que o todo funcione e evolua). Essa idéia foi exposta pelo coordenador do seminário e diretor do Amana-Key, Oscar Motomura. Seria um design organizacional que substitui o design hierárquico, de comando e de controles, que ainda prevalece nas atuais organizações no mundo. A essência deve ser duradoura. A forma não. Ela deve ser transitória.
O caos criativo assegura que a organização continue evoluindo e se renovando. A organização é um organismo vivo e em evolução. No caórdico há descentralização máxima de poder. A organização precisa cultivar igualdade, autonomia e oportunidade para todos. Numa organização caórdica a liderança precisa ser biológica, motivadora, sem relação de mando e de subordinação. Nela prevalece o profissionalismo e senso de co-responsabilidade. No caórdico, privilegia-se a diversidade e não pessoas iguais. No caórdico, o comportamento das pessoas é algo espontâneo e não condicionado.
O processo da Carta da Terra precisa ser biológico (capilar, catalisar), o contrário do processo burocrático. Se adotamos um processo biológico a estrutura naturalmente vai mudar. Com um processo biológico não precisamos de grandes estruturas. A estrutura precisa ser flexível, ágil, descentralizada, democratizada. A estrutura precisa ser virótica, em redes de ajuda mútua. Em vez de centralizar, o processo cria pontos de irradiação, na forma de redes. A informação tem que circular entre os diferentes pontos. A gente funciona melhor quando está motivado. Quanto mais burocracia, mais disputa de território, disputa pelo controle.
O papel dos dirigentes é o de articuladores, o de enlace entre os nós das redes. Portanto, o papel de estímulo à co-responsabilidade, à co-operação. Sem estresse, com pureza e serenidade. A serenidade é a chave da eficiência, da eficácia. O desafio é gerar cooperação. É promover, e implementar. A adesão à Carta da Terra exige por parte das pessoas e instituições que aderem um forte engajamento, com compromisso explícito com a prática de seus valores e princípios.
A missão da Carta da Terra é construir um modo de vida sustentável para 6 bilhões de pessoas. Só através de um processo catalisador (que provoque setores chaves da sociedade), em muitos lugares, onde for possível pode ajudar a Carta da Terra a cumprir sua missão. Daí os desafios da Carta da Terra serem: disseminação (divulgação, para 6 bilhões de pessoas, sensibilização, integrar), educação (conhecimento, inspiração, empatia) e a mudança cultural. Divulgar, compreender, viver. Acariciar o mundo; não bombardeá-lo.
Precisamos empoderar, otimizar o que já existe pela articulação (da reserva de altruísmo). A saída é superar a fragmentação, potencializar o que já estamos fazendo, dando visibilidade; organizar-se em rede de autogestão e responsabilidade compartilhada (sem a preocupação de ter o controle). Não precisamos estar o tempo todo preocupados com a gerência do processo. Criar serviços de intercâmbio internacional. Existem muitos grupos trabalhando, mas não conectados. É preciso reconhecer que muitas pessoas já vivem os princípios da Carta da Terra mas não conhecem o texto da Carta da Terra. Tem muita gente pensando como pensa a Carta da Terra e aplicando em suas vidas cotidianas.
O Seminário na Amana-Key mostrou que é crucial criar uma circulação intensa entre os afiliados da Carta da Terra. Aumentar o número de afiliados e pontos focais. Criar uma informação ágil e rápida e estabelecer uma forte confiança mútua. Para sermos parceiros precisamos recuperar a confiança no ser humano desde o primeiro contato e não só depois de nos conhecer. Para sermos parceiros, precisamos acreditar na espécie humana, recuperar a crença, a compaixão pelo outro. Não ver o estranho, o desconhecido, como inimigo. Acolher. Não ser indiferente. Estar aberto ao que chega até nós.
A Carta da Terra é um documento, entre outros, mesmo que especial, relacionado com essa enorme reserva de altruísmo que existe no mundo. Ela não deve competir com outros documentos As pessoas não devem sentir-se ameaçadas pela Carta da Terra. Portanto, ceder o mérito, legitimar a quem já segue os princípios e valores da Carta da Terra. As diferentes ações precisam falar-se. Fortalecer as redes (fazer parceria entre diferentes projetos). A Carta da Terra não é um “guarda-chuva” para colocar debaixo de suas asas tudo; ela é a base, os pés, princípios de um mundo sustentável, isto é, que “sustenta”, como as raízes que dão “asas” às copas frondosas das árvores.
- Como entender a Carta da Terra?
- A Carta da Terra não é mais uma embalagem entre tantas. Ela é um conteúdo e não um continente. Seu conteúdo é como um líquido: adequa-se a todos os continentes, como uma corrente sanguínea. Ela não é um envelope. É seu conteúdo. Não é tampouco mais um território a ser conquistado. Ela deixa fluir. Devemos entender a Carta da Terra como um convite, não apenas como um documento. O documento é portador de um convite para uma vida mais sustentável. A Carta da Terra é um convite da própria mãe Terra para seus filhos. Um convite ancestral.
A Carta da Terra não é particular de nenhuma pessoa, instituição ou organização. Ela é da própria Terra. É da comunidade de vida da Terra da qual o ser humano é um capítulo. A espiritualidade da Terra é um convite para a sinergia de todos os seres vivos que nela habitam. Ela é um documento inspirador que ninguém tem o controle sobre ele (a Comissão da Carta da Terra busca preservar esse espírito). Não controle, mas facilitação, sinergia entre todos aqueles e aquelas que desejam trabalhar pela vida. Não controle, mas fazer fluir esse espírito renovador. Provocar a adesão voluntária das pessoas que se envolvem com os seus princípios e valores.
Portanto, a Carta da Terra é, ao mesmo tempo, um processo (movimento) e um documento. Ela é uma forma orientadora e portadora do sentido de uma nova civilização, uma civilização da simplicidade, da cordialidade com a natureza. Nesse sentido, disse um dos presentes, Leonardo Boff, a Carta da Terra “é melhor do que a Carta dos Direitos Humanos”. Ela é muito mais ampla, englobando toda a comunidade de vida. Ela está questionando o nosso próprio modo de vida. Devemos pensar quanticamente que tudo está ligado a tudo. Energia quântica. Não estamos sozinhos. Estamos unidos uns aos outros, em ondas e partículas (teoria quântica). Há entre todos nós um entrelaçamento quântico, como dois elétrons num só: o que um faz ressoa no outro, mesmo a distância. Se tudo surgiu do big bang, todos estamos conectados desde o princípio do tempo e do espaço, física e espiritualmente, como no “inconsciente coletivo” de Jung.
Mas devemos amar a terra sem sermos ingênuos. Temos que fazer opções. Cuidar das nossas escolhas. Não aceitarmos qualquer forma de adesão à Carta da Terra. Não aceitarmos adesões oportunísticas. Não podemos ser absorvidos pelo sistema que estamos combatendo. Estamos num período de transição para outro sistema, para outro paradigma. O sistema que temos produziu a guerra e a destruição. Não podemos aceitar que ele queira agora compartilhar valores que nunca incorporou, apenas como uma estratégia de, diante da situação que o planeta vive, encontrar formas de sobrevivência do que gerou a destruição da vida. Nós não queremos salvar o sistema que destruiu o planeta. Queremos algo diferente do que aí está.
Precisamos fazer opções políticas. Ter consciência crítica. Temos que saber com clareza porque o mundo está desse jeito. Como nos disse, enfaticamente, no final do encontro, Márcia Miranda, do Centro de Defesa dos Direitos Humanos de Petrópolis, “quero amar a Terra, mas quero amar os que têm fome, os violentados, os empobrecidos... que são o reflexo do desamor do sistema que aí está”. Como posso eu falar do meu amor para aqueles e aquelas que nunca viveram em situação de amor? O debate está aberto. O debate continua.

domingo, 1 de novembro de 2009